segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O Faial quer matar o Pico?



Quando jogava voleibol no Fayal Sport e com a aproximação de um jogo quente se vinha a saber que o Sporting da Horta ou o Atlético não estariam na máxima força (o primeiro, por exemplo, sem os irmãos Simas ou o Luís Fontes; o segundo sem o Normando, que vinha do Pico ou o Baptista, que andava embarcado numa traineira) isso era um fator de desmotivação para mim, mesmo sabendo que a vitória nos poderia sorrir mais facilmente perante adversários desfalcados.

A fraqueza de um adversário retira o mérito ao vencedor e não abona a favor da qualidade do espetáculo.

Vi no Facebook uma reportagem da RTP-Açores assinada pelo meu colega Milton Dias com o presidente da Associação Comercial e Industrial da Ilha do Pico, Daniel Rosa, sobre o facto de, alegadamente, a Câmara do Comércio e Indústria dos Açores não representar todos os empresários da região.

Embora não se ouça, de viva voz, Daniel Rosa dizê-lo na reportagem, Milton Dias refere, citando o empresário em causa, que o desenvolvimento da ilha do Pico começa a preocupar outras pessoas e que a ilha, nesta altura, é um alvo a abater.

Sobre isto gostava de dizer o seguinte:

Acho que não tem sentido a Câmara do Comércio e Indústria dos Açores continuar a basear a sua organização em três organismos (Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo e Câmara do Comércio e Indústria da Horta) que vêm do tempo dos distritos autónomos, tal como também acho que o Governo Regional dos Açores deveria poder sediar secretarias regionais noutras ilhas que não São Miguel Terceira e Faial, como já escrevi neste blogue.

A talho de foice penso que também é anacrónica a organização das associações de futebol dos Açores, que igualmente remonta aos distritos. Nesse campo, as modalidades "pobres" já se modernizaram, pois, por exemplo no Faial, as associações de modalidade têm um âmbito de ilha e, curiosamente, a de basquetebol abrange o Faial e o Pico.

Sou a favor da criação de uma Câmara do Comércio e Indústria do Triângulo ou que o Faial, o Pico e São Jorge estejam representados na Câmara do Comérco e Indústria dos Açores e aí se articulem entre si para projetarem esta realidade incontornável que se chama Triângulo, pois não acredito que a Associação de Municípios do Triângulo, por ser baseada na realidade política e partidária destas três ilhas, seja capaz de agir com coesão.

Quando Daniel Rosa diz que o Pico é um alvo a abater não sei se isso corresponderá mais a uma estratégia de afirmação sua e da associação que representa ou se os supostos inimigos do Pico estão, realmente, de baterias assestadas.

Não me parece, porém, que o caminho que quer seguir seja o mais indicado, senão estará a fazer, precisamente, aquilo de que acusa os putativos inimigos.

A coincidência no tempo destas declarações à RTP e do discurso do presidente da Câmara Municipal das Lajes a atacar o Faial de uma forma arrogante não será fruto do acaso.

Por mim continuo a pensar como no tempo em que joguei voleibol. Quanto maiores e mais competentes forem os adversários melhor será a competição e a vitória há-de sorrir umas vezes a uns, outras vezes a outros.

Sou portanto, claramente, a favor de que neste jogo não se retire possibilidades de desenvolvimento a nenhum concorrente pois isso, no fim, não contribuirá para o fortalecimento de ninguém.

O pior que poderia acontecer era que o Faial quisesse matar o Pico. Mas nada de bom virá dos que veem na morte do Faial o caminho para o seu sucesso.

3 comentários:

  1. nao poderia dize-lo com melhores palavras...OBG

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  2. Muito bem... criar sinergias onde todos cresçam é o melhor para os Açores e cada grupo de ilhas em particular e sempre que existe uma divisão entre parcelas são estas as primeiras a perderem força e outras mais fortes a tirarem proveito disso, mesmo sem se esforçarem basta recolher os dividendos da desunião.

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