domingo, 12 de outubro de 2014

Santana e Sócrates

O PS, depois da vitória de António Costa, exacerbou-se com o discurso do PSD que invoca, "sistematicamente", o tempo de José Sócrates.

Qual não é o meu espanto ao assistir agora, nas críticas do PS aos problemas com o início do ano letivo, à repetida invocação do governo de Santana Lopes, lembrando que é necessário recuar a essa altura para encontrar um início do ano escolar tão conturbado.

Ou seja, para o PS já não tem sentido falar de Sócrates, mas de Santana sim.

Infelizmente não há maneira de a coerência fazer parte do discurso político.

A diferença é que Pedro Santana Lopes nada tem a ver (diretamente) com este governo, mas de António Costa muito dependeu a política executada por José Sócrates, de quem foi número 2.

Uma razão remota também poderá explicar esta recente obsessão santanista do PS: as eleições para a Presidência da República!

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

E Fernando Gomes?

Há dias, no tardio balanço da participação portuguesa no mundial de futebol do Brasil, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol arranjou um bode expiatório para o insucesso da seleção nacional (a equipa médica foi afastada) e, entretanto, reforçou os poderes de Paulo Bento.

Se o selecionador se vai embora agora, logo após esse reforço de confiança, que moral tem Fernando Gomes para continuar no cargo?

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Raio provoca paragem cardíaca num homem no Pico

Um grupo de pessoas foi surpreendido na ilha do Pico por um raio que provocou queimaduras em várias delas, uma paragem cardíaca num homem e a morte de um cão, disse à Lusa o comandante dos bombeiros das Lajes, avança hoje o semanário Sol na sua edição online.

Ler notícia aqui.

Vinhos do Pico em alta

"Neste momento, a grande aposta são os vinhos brancos. Nos últimos cinco anos, mais do que duplicamos o preço dos vinhos. Ou seja, uma garrafa de vinho saía do produtor a pouco mais de três euros e, agora, atinge seis euros, e algumas até sete euros", disse Daniel Rosa.

O dirigente da Associação Comercial e Industrial da Ilha do Pico (ACIIP) exemplificou que foi desenvolvido, no ano passado, um trabalho com o enólogo António Maçanita, da empresa Fita Preta Vinhos, que produziu um vinho que está ser comercializado a 60 euros, por garrafa, em restaurantes europeus com estrelas Michelin.

Ler notícia no Diário de Notícias aqui.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Relâmpagos e trovões

Antes de me deitar, na madrugada de hoje, o céu andava em alvoroço: relâmpagos sobre o mar, a sul do Faial, fora de Castelo Branco e o som de alguns trovões a ouvir-se bem.

Fui à janela e os clarões eram mais intensos para as bandas do Pico: a coisa deve estar grossa ali para baixo, pensei.

Com arte, o fotógrafo Jaime Debrum conseguiu, curiosamente, reproduzir a minha suposição.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O Faial quer matar o Pico?



Quando jogava voleibol no Fayal Sport e com a aproximação de um jogo quente se vinha a saber que o Sporting da Horta ou o Atlético não estariam na máxima força (o primeiro, por exemplo, sem os irmãos Simas ou o Luís Fontes; o segundo sem o Normando, que vinha do Pico ou o Baptista, que andava embarcado numa traineira) isso era um fator de desmotivação para mim, mesmo sabendo que a vitória nos poderia sorrir mais facilmente perante adversários desfalcados.

A fraqueza de um adversário retira o mérito ao vencedor e não abona a favor da qualidade do espetáculo.

Vi no Facebook uma reportagem da RTP-Açores assinada pelo meu colega Milton Dias com o presidente da Associação Comercial e Industrial da Ilha do Pico, Daniel Rosa, sobre o facto de, alegadamente, a Câmara do Comércio e Indústria dos Açores não representar todos os empresários da região.

Embora não se ouça, de viva voz, Daniel Rosa dizê-lo na reportagem, Milton Dias refere, citando o empresário em causa, que o desenvolvimento da ilha do Pico começa a preocupar outras pessoas e que a ilha, nesta altura, é um alvo a abater.

Sobre isto gostava de dizer o seguinte:

Acho que não tem sentido a Câmara do Comércio e Indústria dos Açores continuar a basear a sua organização em três organismos (Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo e Câmara do Comércio e Indústria da Horta) que vêm do tempo dos distritos autónomos, tal como também acho que o Governo Regional dos Açores deveria poder sediar secretarias regionais noutras ilhas que não São Miguel Terceira e Faial, como já escrevi neste blogue.

A talho de foice penso que também é anacrónica a organização das associações de futebol dos Açores, que igualmente remonta aos distritos. Nesse campo, as modalidades "pobres" já se modernizaram, pois, por exemplo no Faial, as associações de modalidade têm um âmbito de ilha e, curiosamente, a de basquetebol abrange o Faial e o Pico.

Sou a favor da criação de uma Câmara do Comércio e Indústria do Triângulo ou que o Faial, o Pico e São Jorge estejam representados na Câmara do Comérco e Indústria dos Açores e aí se articulem entre si para projetarem esta realidade incontornável que se chama Triângulo, pois não acredito que a Associação de Municípios do Triângulo, por ser baseada na realidade política e partidária destas três ilhas, seja capaz de agir com coesão.

Quando Daniel Rosa diz que o Pico é um alvo a abater não sei se isso corresponderá mais a uma estratégia de afirmação sua e da associação que representa ou se os supostos inimigos do Pico estão, realmente, de baterias assestadas.

Não me parece, porém, que o caminho que quer seguir seja o mais indicado, senão estará a fazer, precisamente, aquilo de que acusa os putativos inimigos.

A coincidência no tempo destas declarações à RTP e do discurso do presidente da Câmara Municipal das Lajes a atacar o Faial de uma forma arrogante não será fruto do acaso.

Por mim continuo a pensar como no tempo em que joguei voleibol. Quanto maiores e mais competentes forem os adversários melhor será a competição e a vitória há-de sorrir umas vezes a uns, outras vezes a outros.

Sou portanto, claramente, a favor de que neste jogo não se retire possibilidades de desenvolvimento a nenhum concorrente pois isso, no fim, não contribuirá para o fortalecimento de ninguém.

O pior que poderia acontecer era que o Faial quisesse matar o Pico. Mas nada de bom virá dos que veem na morte do Faial o caminho para o seu sucesso.

domingo, 31 de agosto de 2014

Luar de agosto

Luar de janeiro não tem parceiro, mas lá vem o de agosto que lhe dá no rosto, diz o povo.

Isso ficou provado há dias quando a super Lua surgiu grande, bela e, como sempre, romântica...

Hoje, ainda antes do mês de agosto a terminar, o fotógrafo António Pedro Oliveira fez jus ao aforismo!


sábado, 30 de agosto de 2014

LGBT

Li no site do jornal Açoriano Oriental que a marcha de encerramento do festival LGBT (lésbico, gay, bissexual e transgénero) hoje realizada em Ponta Delgada apenas contou com a participação de pouco mais de uma dezena de pessoas.

Este número despertou-me a atenção porque em anos anteriores a adesão foi muito maior.

O líder do movimento nos Açores, Terry Costa, alegou, em declarações prestadas aos jornalistas, que existem pressões e lóbis que procuram silenciar estas manifestações públicas.

O Governo Regional dos Açores, segundo a notícia que já referi, não se fez representar na marcha, depois de no passado ter apoiado a iniciativa.

Sinto alguma dificuldade em abordar o tema pois reconheço a sua complexidade. E em casos como o presente dar opinião de ânimo leve não é, certamente, um contributo sério para o esclarecimento de uma questão que continua envolta em preconceitos, despertando estados de alma, paixões, radicalismos, que afinal não aproveitam a ninguém.

No entanto há duas situações que me vêm à mente sempre que penso neste assunto.

A primeira é a dificuldade que deve ser para uma pessoa, para a sua família e para os seus amigos a descoberta de uma forma de sexualidade diferente da que é considerada comum. E penso, por isso, que é importante a sociedade e os seus responsáveis em geral não virarem costas ao problema.

A segunda é um certo exibicionismo que, por vezes, os defensores da causa LGBT põem nas ações que promovem para despertar a consciência da sociedade que referi. Ganhariam muito se, apesar de saberem que a sua luta não é fácil, fossem comedidos na forma de estar. Seriam porventura mais bem aceites se mudassem de atitude. Tenho a ideia que há uma vontade de impor direitos, quando o caminho deveria ser conquistá-los.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Até quando?


Tiago Cabral publicou hoje no Facebook a fotografia [ao lado] da igreja do Carmo da Horta, o maior templo em Portugal dedicado a esta invocação da Virgem Maria.

Tão imponente fachada, sem a qual a Horta seria menos do que é, esconde um monumento em degradação.

Até quando?

Sei que a Ordem Terceira do Carmo, a quem pertence o edifício, está aberta a que aquele espaço possa servir a cultura, não ficando "fechado" ao culto religioso, aliás ali inexistente há largos anos, desde que a respetiva recuperação seja feita, obviamente, com a colaboração do Governo Regional dos Açores.

Será que o Faial e os Açores, que não são tão ricos de património arquitetónico ao ponto de se darem ao luxo de não acautelá-lo, acabarão por ver desbaratada esta riqueza?

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Um discurso inaudito

Um hospital, mais ligações aéreas diretas para o continente e uma Secretaria Regional do Ambiente. Três reivindicações expressas na abertura da Semana dos Baleeiros por Roberto Silva, na sua qualidade de primeira figura do município das Lajes do Pico.

Gostaria de enviar daqui o meu total apoio ao presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico. Não, evidentemente, por tão destemido discurso - pois essa é a sua obrigação enquanto representante dos interesses de quem o elegeu -, mas pela justeza das suas pretensões.

Não vejo por que se não há-de alterar o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores e criar a possibilidade de também a ilha do Pico poder ver ali sediado um departamento governamental, como acontece no Faial, na Terceira e em São Miguel e não vislumbro que razões sérias justificam que o visível crescimento turístico da ilha do Pico não seja acompanhado da melhoria da acessibilidade, designadamente por via aérea.

Finalmente desejo firmemente que um picaroto possa aceder com as mesmas facilidades do que eu ao Serviço Regional de Saúde, dispondo na sua ilha de um hospital.

Para quem não ouviu ou leu o discurso de Roberto Silva informo que o móbil das suas palavras foi o facto de a Câmara Municipal da Horta defender uma nova forma de redistribuição de verbas da União Europeia.

O município faialense sente-se prejudicado por ter recebido em 2013 à volta de € 10.000.000,00, enquanto os três municípios da ilha do Pico receberam, em conjunto, perto de € 21.000.000,00. Uma queixa, recorde-se, que não é nova, pois antecessores do presidente da Câmara Municipal da Horta também levantaram o problema.

Diz a Horta que por ser um só concelho numa só ilha sai prejudicada, nomeadamente em relação ao Pico, cujo número de habitantes é idêntico (embora, em área, o Pico seja mais de duas vezes e meia maior do que o Faial, acrescento eu).

Tal como manifestei o meu acordo em relação às pretensões de Roberto Silva, também me parece plausível a posição do município da Horta.

Acontece, todavia, que o presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico, na cerimónia já referida, aproveitou para inflamar ódios antigos, conforme hoje escreve, com oportunidade, o jornal Incentivo na sua manchete.

Pegou na questão das verbas comunitárias, passou para as revindicações atrás mencionadas e desferiu um ataque inaudito ao Faial, que por diversas vezes sublinhou ser uma ilha pequena, em oposição à grandiosidade do Pico.

Abstenho-me de comentar os termos e as intenções do discurso do presidente do município das Lajes do Pico pois são eloquentes [ver discurso completo em baixo, extraído do Facebook, publicado na página da autarquia].

Não termino, no entanto, sem relevar o final do discurso:

"Peço a Nossa Senhora de Lourdes, que protegeu os nossos botes baleeiros e as suas companhas, e bem assim as suas famílias, que nos proteja dos ataques de inveja, de soberba e de avareza de espírito, iluminando o caminho da construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna."

Proferida no ambão da Matriz das Lajes do Pico, com uma imagem de Cristo em realce, esta tirada evidencia ainda mais quão inoportuna, infeliz e lamentável foi a intervenção de Roberto Silva, num contraste confrangedor com o local escolhido para ser proferida.

SEMANA DOS BALEEIROS 2014 - Discurso de abertura
A Festa em honra de Nossa Senhora de Lourdes, no ano de 2014, decorre envolta em marés de constrangimentos financeiros, num concelho que não teve demasiada sorte com o seu nascimento das entranhas do mar, na última ilha açoriana a ser criada por Deus, que por ser tão grande e tão bela, continua a sofrer ataques da ilha vizinha como se ainda vivêssemos no tempo do ex-distrito. Mas, nós somos a segunda maior ilha açoriana e a mais alta dos Açores e de Portugal, não somos uma ilha pequena, como nos apelidam vezes sem conta, nem vivemos num tempo em que uma ilha do canal tudo tinha e a outra não existia, apesar de se ver bem acima do mar, porque uma pequena ilha é uma pequena ilha e uma ilha grande é uma ilha grande.
É inaceitável a avareza orçamental dos vizinhos do canal que querem, à custa dos concelhos do Pico, receber mais verbas como se fossem uma grande ilha, quando são uma ilha pequena. É inaceitável que uns, que já tudo têm, continuem a querer ainda mais, seguindo a prática da submissão política do tempo do ex-distrito. É incompreensível que ainda haja quem finja não perceber a dimensão do Pico no contexto dos Açores.
Mas cá estamos nós para explicar, com a frontalidade dos homens do Pico, o lugar que o Pico ocupa no novo pensamento estratégico no desenvolvimento dos Açores, em que as câmaras municipais contribuem de modo decisivo para essa afirmação.
É o caso da saúde. Hoje, passados 5 séculos sobre a chegada do primeiro ser humano a esta vila e a esta ilha, estamos muito perto de ter um hospital de ilha que trate os nossos doentes com qualidade. E é preciso entender que é melhor ter um hospital na ilha do que ter de sair da ilha para resolver os problemas de saúde, desde que o novo hospital dê uma resposta adequada, diferenciada, a quem precisa de cuidados de saúde. Na verdade, o que é deveras importante é termos um hospital na ilha, com profissionais de saúde e tecnologias de diagnóstico e tratamento que evitem, na medida do possível, a saída da ilha com todos os constrangimentos que isso implica.
É o caso das ligações aéreas com Lisboa. A ilha do Pico, com uma natureza ímpar no contexto dos Açores, com a fantástica Montanha, com a única natureza açoriana classificada pela Unesco e com uma dimensão ambiental de altíssimo nível, tem apenas duas ligações aéreas por semana quando o Faial tem duas ligações por dia, mas a evolução desta situação tenderá no sentido do Pico ter tantas ligações aéreas por semana como o Faial.
É o caso da distribuição geográfica do poder político do Governo Regional, que nas tábuas da Constituição Portuguesa apenas é possível nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial. Neste âmbito, ambicionamos por um novo mapa político na distribuição das Secretarias do Governo Regional, que vá para além das três ilhas capitais, tal como está consagrado no Estatuto Político Administrativo dos Açores e na Constituição. A extraordinária singularidade da natureza do Pico que lhe confere o estatuto de ILHA AMBIENTE torna natural a instalação, nesta ilha, da Secretaria Regional do Ambiente, após a necessária revisão constitucional.
Que a tradição e a fé seculares em Nossa Senhora de Lourdes, que deram aos baleeiros a coragem, a audácia e o espírito de luta para garantir a sua sobrevivência e das suas famílias veiculem o ensinamento a todos, em especial aos jovens, que a nossa vida exige sacrifícios e a capacidade para lutarmos pela construção do caminho do progresso da nossa sociedade e da felicidade, e que é necessário interiorizar uma cultura de querer lutar e de querer fazer.
E neste momento tão especial, peço a Nossa Senhora de Lourdes, que protegeu os nossos botes baleeiros e as suas companhas, e bem assim as suas famílias, que nos proteja dos ataques de inveja, de soberba e de avareza de espírito, iluminando o caminho da construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna.
É com esta prece que declaro solenemente a abertura da Semana dos Baleeiros 2014 e lhe faço o convite para visitar as Lajes do Pico, a Vila Baleeira dos Açores!
Lajes do Pico, 25 de Agosto de 2014
O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL
ROBERTO SILVA

Quem escreve por gosto não cansa

Criei este blogue para escrever! Não estabeleci uma regra, ou uma orientação, ou uma finalidade. Não me reconheço, porém, sem que o ato da escrita me esteja associado, seja como jornalista; seja a dar a minha opinião num jornal ou na internet; seja, até, a tomar uma simples nota, em que procuro não deixar ao acaso a forma e o conteúdo do que fica impresso. Por isso, beneficiando dos recursos das tecnologias da comunicação, aqui estou, escrevendo...